Fábrica da Comlurb, em Campo Grande, produz e recupera material usado na limpeza das ruas do Rio

Responsável pela limpeza urbana do Rio, a Comlurb também promove e incentiva ações de reciclagem. A própria companhia mantém a Fábrica Aleixo Gari, na Avenida Manuel Caldeira de Alvavrenga, num grande galpão em Campo Grande, onde são produzidos, reparados e reaproveitados utensílios utilizados em larga escala na rotina da empresa. O carro-chefe é a produção de vassouras: são em média 6.600 unidades todos os meses. Os cestos instalados nas praias também saem de lá, cerca de 100 por mês, o que garante um estoque seguro durante o verão.

– Não faz sentido um gari sem a vassoura, ela é a cara da nossa empresa – destaca José Edson Magalhães, de 61anos, 42 deles dedicados à Comlurb. que trabalha na pregação desses utensílios, fazendo o acabamento.

A fábrica, que tem hoje 103 funcionários, também produz itens como ferramentas, carrinho de mão, rastelo, caixa metálica, contêineres, ancinho para limpeza da areia e quadro de tela usado como proteção dos garis durante o corte de mato. A Aleixo Gari mantém ainda uma eficiente logística de distribuição desse material pelas ruas da cidade.

No galpão também é feito, entre outros produtos, o Lutocar, conhecido como carrinho de gari 2.0, montado e recuperado na fábrica. Usado na varrição das ruas, ele tem estrutura tubular criada pelos próprios funcionários. A equipe agora desenvolve mecanismos para papeleiras giratórias, com o objetivo de facilitar a retirada dos resíduos do seu interior.

Um diferencial da Aleixo Gari é a chamada gestão horizontalizada, com decisões tomadas em colegiado, com participação de representantes de toda a equipe, inclusive para a escolha de novos projetos e produtos.

– Incentivo o trabalho participativo. Aqui todos os projetos são feitos ouvindo todos. Em tempos de crise a gente tem que se reinventar. A gente faz uma vez, e nada se perde, porque fazemos manutenção e recuperação – explica o gerente geral da fábrica, Jorge Fernandes.

No galpão, os 5 Rs da sustentabilidade também são levados a sério: reduzir, reutilizar, reciclar, repensar e recusar têm na essência a necessária diminuição dos resíduos encaminhados aos aterros sanitários. Na fábrica, cubas de papeleira que iam para o lixo, por exemplo, passaram a ser usadas na produção de papão, espécie de pá usada no recolhimento de detritos em ruas, praças e parques. Os brinquedos das  praças, feitos de madeira plástica, material reciclado, também ganham forma na fábrica, assim como a pintura deles. Quando precisa de uma cor que não está disponível, o serviço não para, e a própria fábrica faz a mistura.

Funcionário da companhia, Jaime da Silva Santos, de 61 anos de idade e quase 40 de Comlurb, tem uma história com a reutilização de material. Líder da equipe que trabalha na linha de montagem de Lutocar, ele faz peças de arte, como esculturas e obras de silhueta com produtos encontrados no lixo: arame do arrebite, sobra de solda, de vergalhão, retalho de chapa, prego.

Equipamentos adequados à cidade

Devido à complexa topografia da cidade do Rio, com seu relevo acidentado, montanhas, praias e comunidades com becos e vielas, a Comlurb adapta e fabrica equipamentos especiais para seu uso. Combater furtos de equipamentos também é uma preocupação da equipe, que está elaborando estruturas metálicas para proteger contêineres. O protótipo, em fase de teste no calçadão das praias, pode ser chumbado no concreto ou parafusado.

Manutenção sempre em dia

Com a proximidade do verão, os blocos de madeira com a hashtag #praialimpa estão sendo restaurados na seção de carpintaria para voltarem à orla e alertarem os frequentadores sobre a necessidade de manter a areia livre de resíduos. Além do trabalho externo, a fábrica faz manutenção em equipamentos e estruturas em madeira usados na sede administrativa e nas gerências, como restauração das baias e das estufas para os funcionários esquentarem comida.

A equipe da fábrica trabalha ainda em pequenas obras nos prédios administrativos e nas gerências. Um grande tronco de mangueira dividido em duas partes está em fase final de tratamento para virar uma grande mesa de reuniões. A peça foi cortada na fábrica de troncos, no Catiri, e chegou a Campo Grande infestada de cupins. Os técnicos passaram a se dedicar a salvá-la, iniciando um tratamento com dez produtos diferentes, durante 15 dias.

Foram necessárias ainda três mãos de seladora para madeira e outras três de verniz copal autobrilhante, e muita lixa.

Fábio de Oliveira Lima, 46 anos, 21 deles na Comlurb, é gestor de serviços no galpão, e dá o tom da sua responsabilidade:

– Esse trabalho é nossa contribuição para a sociedade, para o nosso cliente que é a população da cidade. Aqui a gente só não faz mágica – afirma Fábio Lima.

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