Hospital Rocha Faria sob nova direção
O Hospital Municipal Rocha Faria, em Campo Grande, terá nova administração. Em 45 dias, a Empresa Pública de Saúde do Rio de Janeiro (RioSaúde) assumirá a gestão da unidade. A decisão foi anunciada nesta quinta-feira (28/12), pelo prefeito Marcelo Crivella, que recebeu jornalistas de diversos veículos em seu gabinete. Além da nova gestão do Rocha Faria, será criada uma subsecretaria responsável por cuidar de unidades de saúde – Clínicas da Família, maternidades e hospitais – administradas por Organizações Sociais (OSs). Participaram da reunião o secretário municipal de Saúde, Marco Antonio de Mattos, o presidente da RioSaúde, Ronald Munk, e o futuro subsecretário Dr. João Berchmans de Araújo, diretor do Hospital Municipal Salgado Filho.
Ao receber os profissionais de imprensa, o prefeito do Rio falou sobre as mudanças na área da saúde e disse acreditar que os desafios enfrentados em 2017 serão superados a partir do próximo ano:
– É um hospital com uma estrutura antiga. Foram feitos relatórios mostrando a necessidade de mudanças, que não foram realizadas. Por isso publiquei um decreto hoje encerrando o contrato com a OS e determinando que em 45 dias tenha uma nova administração. Nesse prazo, a Secretaria Municipal de Saúde estará no hospital para cuidar da transição. Esse ano que passou foi muito difícil. Travamos uma luta incansável para que pudéssemos manter nossos serviços. Com a grande quantidade de pessoas que não puderam mais arcar com planos de saúde, nossas emergências lotaram. Atendemos, inclusive, muitos pacientes de outros municípios. É claro que gostaríamos de recebê-los de maneira melhor e estamos trabalhando para isso. Mas precisamos ressaltar que, mesmo com poucos recursos, conseguimos fazer mais consultas e exames em 2017. Também não mandamos gente embora, nem deixamos de atender.
Formado em Economia, com extensa experiência em empresas de consultoria e gestão, o presidente da RioSaúde, Ronald Munk, analisou os problemas do Rocha Faria e disse esperar, em breve, ver um quadro melhor na unidade:
– A crise, de fato, é resultado de falha de gestão da OS em relação ao Rocha Faria. Mas temos 45 dias pela frente para realizar essa transição. Além da aquisição de insumos e contratação de serviços, vamos conversar com os funcionários, definir lideranças e oferecer a essas pessoas a possibilidade de se transferirem temporariamente para a empresa. São profissionais que já conhecem a unidade. Vamos também abrir processo de contratação simplificada, um processo de emergência. Serão necessários de 1450 a 1500 funcionários para que o Rocha Faria opere em capacidade plena. É um desafio grande, mas temos experiência em unidades que também enfrentaram problemas e hoje são referências na cidade. Daqui a três meses, convido a todos para visitar o Rocha Faria e comparar. Ainda não será o quadro ideal, mas estaremos em uma situação muito melhor – disse Munk.
A RioSaúde foi criada em maio de 2013, pela Lei 5.586/2013. Vinculada à Secretaria Municipal de Saúde, a empresa gerencia quatro unidades de emergência no Rio de Janeiro, atendendo a cerca de 1,5 milhão de pessoas: CER Barra da Tijuca e UPAs de Cidade de Deus, Rocha Miranda e Senador Camará. Com uma gestão moderna e enxuta, a empresa absorveu o aumento de demanda e diminuiu indicadores importantes, como tempo de espera (de 1 hora e 28 minutos para 32 minutos) e taxas de mortalidade.
Como empresa pública, a RioSaúde se submete a toda legislação aplicável ao governo para compras e contratações, o que confere mais transparência ao processo. Ao mesmo tempo, utiliza ferramentas modernas de gestão para aumentar a eficiência e a qualidade dos serviços de saúde.
Em 2017, pesquisa de satisfação com pacientes e acompanhantes apontou que 94% dos entrevistados recomendam os serviços das unidades gerenciadas pela empresa municipal. O tempo médio de espera por consultas de emergência caiu de 44 minutos em 2016 para 36 minutos neste ano. Saiba mais em http://prefeitura.rio/riosaude.
A Rio Saúde vai receber os mesmos valores do contrato com a OS para administrar o Rocha Faria. São R$ 233 milhões para 24 meses de contrato, uma média de R$ 10 milhões por mês. De acordo com o secretário municipal de Saúde, a decisão de rescindir o contrato da prefeitura com a OS Iabas (que administrava o Rocha Faria) foi motivada após sucessivas avaliações negativas:
– A decisão foi tomada após análise dos índices de metas, que não foram atendidas em três avaliações consecutivas de qualidade de assistência. Sem dúvida, a RioSaúde é a melhor opção para administrar o Hospital Rocha Faria. É uma empresa que tem relação direta com a prefeitura e acesso imediato às secretarias de Saúde e Fazenda.
Na manhã desta quinta, o subsecretário de Atenção Hospitalar, Urgência e Emergência (SubHue), Mario Lima, acompanhado de equipes da SMS, transferiu seu gabinete para o hospital, de onde vai comandar o processo. O grupo vistoriou todos os setores e conversou com os profissionais sobre a rescisão contratual, como serão acertadas as questões trabalhistas e o aproveitamento da força de trabalho pela nova gestão.
A SMS trabalha no abastecimento e no reaparelhamento do hospital. A Prefeitura do Rio também vai garantir os repasses necessários para os pagamentos dos direitos trabalhistas das equipes que trabalham na unidade atualmente. A rescisão do contrato foi publicada no Diário Oficial do Município desta quinta-feira. A OS também foi multada.
– Tivemos que cumprir a regra do contrato, seguir todas as etapas para judicializar a questão, culminando na de hoje. É importante falar também que nas outras unidades administradas por OSs, as normas estão sendo cumpridas e, por esse motivo, os contratos não serão rompidos – acrescentou o prefeito durante a coletiva.
Além da nova gestão da unidade, a criação de uma subsecretaria para gerenciar unidades de saúde do município administradas por Organizações Sociais também promete dar fim aos problemas encontrados pela população.
– Mas posso adiantar que as unidades estão lotadas por eficiência, por não recusar pacientes. Acaba que, pela crise nos outros municípios, as unidades estão sobrecarregadas – disse o Dr. Berchmans, que deixará a direção do Hospital Salgado Filho e assumirá a nova subsecretaria em breve.
Para 2018, a Secretaria Municipal de Saúde espera contar com orçamento maior para promover melhorias em suas unidades. A prefeitura espera contar com orçamento de R$ 6 bilhões (incluindo os investimentos).
– Temos um plano para 2018, que é dar pleno funcionamento a toda a rede municipal de Saúde com o orçamento do próximo ano. Dentro desse plano, também está fazer do Hospital Rocha Faria uma das unidades com os melhores indicadores da cidade – explicou o Secretário Municipal de Saúde, Marco Antônio de Mattos.