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FLORESTA DO CAMBOATÁ: DESENVOLVER OU PRESERVAR?
FLORESTA DO CAMBOATÁ: O ÚLTIMO GRANDE FRAGMENTO PLANO DE MATA ATÂNTICA NATIVA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO.
O Rio de Janeiro se caracteriza por abrigar 3 importantíssimas florestas localizadas no Parque Nacional da Tijuca, Parque Estadual do Mendanha e no Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB). Curiosamente, o PEPB protege a maior floresta urbana do mundo. E o Parque Nacional da Tijuca, evidencia uma experiência muito bem sucedida de reflorestamento. As três florestas possuem algo em comum – são encraves rochosos, com algumas áreas de acesso extremamente difícil.
Por mais que a cidade do Rio de Janeiro tivesse primordialmente 97% de cobertura vegetal de Mata Atlântica, o crescimento populacional foi avançando por essas áreas, inicialmente para introdução das monoculturas de café e de cana de açúcar, em especial, durante o século XIX. Posteriormente, o crescimento populacional foi transformando a floresta em cidade. A Mata Atlântica ficou restrita aos pontos remotos e elevados da cidade, onde a instalação de habitações seria menos viável. Com isso, as áreas de Florestas Ombrófilas de Terras Baixas foram devastadas.
A última grande área remanescente de Mata Atlântica plana da cidade do Rio de Janeiro encontra-se no bairro de Deodoro, entre as Zonas Norte e Oeste da cidade. Pela sua localização, a floresta costuma ser chamada pelo nome do bairro homônimo ou por floresta do Camboatá, em alusão a uma pequena elevação no local, chamada de Morro do Camboatá. Há várias décadas este fragmento é muito bem preservado pelo Exército brasileiro, mesmo estando em uma área densamente povoada, às margens de Avenida Brasil. A vegetação ocupa um espaço de 1,6 milhão de metros quadrados, o que seria 3 vezes o tamanho do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ). Todo o remanescente florestal encontra-se entre as cotas máximas de 35 a 50 metros de altitude, resguardando uma pequena amostra de vegetação que de forma geral não se observa mais na região, caracterizada por se situar entre 5 e 50 metros de altitude acima do nível do mar. No local encontram-se nascentes e áreas úmidas, onde na época das cheias, aparecem peixes, em extinção, da família dos Rivulídeos, ou peixes das nuvens que se encontram em ambientes aquáticos sazonais ou temporários. Pela sua localização estratégica, entre a Pedra Branca e o APA Gericinó-Mendanha, a Floresta do Camboatá atua como um conector: por ser um local de parada, descanso e alimentação para aves e outros animais, e na mi-gração entre os dois maciços.
Sua importância ecológica está registrada nas pesquisas realizadas pelo JBRJ, e publicadas em 20121. A partir do início das pesquisas, já foram catalogadas 125 espécies da flora nativa, sendo 77 espécies arbóreas, numa densidade de mais de 1.000 árvores por hectare: ipês, angicos, ingás, cambarás, quaresmeiras, pindaíbas e jacarandás, estes últimos ameaçados de extinção. Um relatório apresentado por pesquisadores desta Instituição aponta: “Apesar de relativamente pequeno, possui grande relevância para a viabilidade genética de populações de animais e plantas naturais na cidade do Rio de Janeiro.” Ainda segundo este relatório, o adequado manejo das áreas que compõem o mosaico florestal carioca, deve ser prioridade na política ambiental e urbanística do Rio de Janeiro.
Relatos históricos indicam que o local pode conter um inopinável número de artefatos explosivos não detonados, resquícios da “explosão do paiol de Deodoro”, que ocorreu em agosto de 1958 e durou 3 dias. Sendo um dos episódios mais marcantes do cenário carioca do Século XX, quando o Brasil era governado por Juscelino Kubitschek na sede do Palácio do Catete no Rio de Janeiro.