Câmara debateu Patrimônio Cultural da Zona Oeste – Hangar do Zeppelin foi destaque

 Frente Parlamentar de Proteção e Ativação do Patrimônio Histórico Cultural da Zona Oeste do Rio realizou, nesta quarta-feira (10), seu primeiro debate público na Câmara Municipal. A reunião contou com a participação de representantes do Poder Público e moradores da região para debater ações práticas para a preservação de espaços como Hangar do Zeppelin e Ponte dos Jesuítas, localizados em Santa Cruz.  Entre as medidas propostas estão a permissão de acesso dos próprios moradores aos locais, a criação de roteiros turísticos alternativos, que incluam a Zona Oeste nos guias de turismo, a capacitação de profissionais das localidades e o mapeamento e a sinalização dos lugares históricos.

A reunião foi presidida pelo vereador William Siri (PSOL), morador da Zona Oeste. Para o parlamentar, é preciso pensar políticas públicas de acesso a estes lugares da região. “Não dá mais para pensar na cidade do Rio de Janeiro como sendo apenas o Centro, a Zona Sul e a Barra da Tijuca. É preciso ativar o patrimônio histórico da Zona Oeste”. Presidente da Frente Parlamentar, Siri lamentou que as políticas públicas ainda estejam voltadas apenas para uma parte da cidade, e que bairros como Deodoro, Santa Cruz e Sepetiba sejam deixados de lado.

Nascido e criado em Campo Grande, o secretário especial de Turismo da Prefeitura do Rio, Bruno Kazuhiro, afirmou que o turismo da cidade não deve se restringir à Zona Sul. “Precisamos de fato continuar divulgando locais como o Cristo Redentor, mas uma das missões da nossa secretaria é descentralizar o turismo na cidade”, pontuou. O secretário revelou que, em breve, será lançada a Escola Carioca de Turismo, com várias unidades espalhadas pela cidade. Uma destas unidades deverá ficar no bairro de Santa Cruz e terá como objetivo a qualificação de profissionais. O gestor ainda mencionou a possibilidade de criação de roteiros alternativos, para além dos tradicionais, que incluam locais da Zona Oeste como a Fazenda Imperial de Santa Cruz, o Palacete Princesa Isabel e o Matadouro Carioca.

O governo do Estado do Rio de Janeiro esteve representado por Leonardo Alves, do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). Ele revelou que a instituição encaminhou o tombamento do Hangar do Zeppelin, e que já foi iniciado o processo de tombamento do Matadouro. “O Inepac está avançando na região de Santa Cruz, onde existem muitos bens tombados pelo município, mas não pelo Estado”. Ele ainda defendeu a necessidade de a população conhecer e estar mais próxima dos patrimônios de seus bairros.

Professor da Fundação Centro Universitário da Zona Oeste do Rio de Janeiro (UEZO), Anderson Moraes ressaltou que não basta tombar os bens. “É preciso mapear e permitir acesso aos locais pelos moradores”, enfatizou. Autora e mentora do projeto Descubra Santa Cruz, Andressa de Aguiar Lobo ressaltou que “investir na cultura da Zona Oeste é investir na qualidade de vida dos moradores”. Ela ainda reforçou a importância do bairro de Santa Cruz ser incluído nas comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil, em 2022. Foi lá que a Princesa Leopoldina encontrou José Bonifácio de Andrada e Silva, conhecido como o “Patriarca da Independência”.

Entre os participantes da reunião estiveram presentes Mauro Pazzini, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan); José Fontenele, jornalista, escritor e produtor cultural; José Marconi Marques de Andrade, restaurador e fundador do grupo SOS Patrimônio; e Henrique Fonseca, representante do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH).