Produtora em Ilha de Guaratiba usa técnica da Embrapa para garantir qualidade dos ovos

Para garantir a segurança e a qualidade do ovo produzido por pequenos produtores rurais, uma equipe de pesquisadores desenvolveu e validou um método para manipulação segura de ovos. Os protocolos para pequenos produtores estão detalhados em um guia voltado para avicultores e agentes de assistência técnica e extensão rural, disponível no Portal Embrapa.

A orientação é que os avicultores sigam o protocolo estabelecido para proteção de sua saúde e evitem a contaminação do produto, executando uma sequência de seis etapas, desde a coleta nos ninhos. Para isso, os cientistas reuniram um conjunto de procedimentos de segurança que visam prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes à produção de ovos em pequena escala, capazes de comprometer a saúde humana. “A base das recomendações é que os ovos produzidos sejam o mais limpo possível, evitando a contaminação por fezes, microrganismos presentes no ambiente de produção e garantindo a segurança do produtor e do consumidor”, afirma pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos Eduardo Walter, líder do projeto OvOLimpo.

Para os cuidados de segurança do trabalho é recomendada uma sequência de manipulação; e para limpeza de ovos, o uso de equipamentos de proteção individual, como jaleco, luvas e máscara. “Os procedimentos indicados visam agregar valor, melhorar a segurança e a qualidade do produto e proteger os consumidores e o próprio produtor. Trata-se de uma construção coletiva, a partir da visão do pequeno avicultor”, ressalta Ricardo Machado, pesquisador da Fiocruz no Rio de Janeiro.

Uma prática amplamente usada pelos grandes e médios aviários, e que pode ser incorporada pelos pequenos produtores, é a coleta dos ovos em bandejas que possam ser higienizadas, e que mantenham os ovos separados, sem sujar uns aos outros. Outro procedimento indicado é o armazenamento dos ovos em um local que impeça o acesso de pragas. Para isso, o produtor deve providenciar a vedação adequada das aberturas para ventilação, podendo utilizar barreiras físicas como telas milimétricas, além de armários que protejam o produto e embalagens em condições higiênicas.

A estratégia da Embrapa é disponibilizar o estudo de validação sanitária e técnica para entrepostos de ovos de pequeno porte, subsidiando Unidades de Observação do projeto OvOLimpo nos estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais, Piauí, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Desse modo, os entrepostos podem realizar o processo de validação com órgãos de inspeção sanitária, em harmonia com os requisitos legais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Amanda Albuquerque, médica-veterinária e doutoranda pela UFF, que também integra a equipe do projeto OvOLimpo, entusiasmada com os resultados obtidos pela pesquisa, começou a produzir ovos pelo sistema caipira em sua chácara na Ilha de Guaratiba, no município do Rio de Janeiro (RJ), e assim passou a aplicar o novo método de manipulação segura de ovos. Ela revela um hábito cultural notável. “Alguns consumidores associam o ovo caipira àquele ovo sujo, e que ovos limpos demais se parecem com ovos industriais. Precisamos mudar essa cultura”, afirma.

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