O dia em que uma cidade parou, fulminou os direitos sociais e adotou a mentira como verdade – Deus, continue brasileiro…

A coragem de externar um pensamento é deveras difícil para a maioria das pessoas, por isso compete aos que ousam expor sua crítica a “missão” de escrever o que está velado.

Enquanto advogado, observo o quanto o Governo descumpre as leis e atinge mortalmente os direitos sociais dos cidadãos, que são relegados a uma subespécie humana perante interesses econômicos, midiáticos e políticos.

A Olimpíada há décadas deixou de ser um evento esportivo para a população. Se tornou um negócio bilionário, um sistema mundial de enriquecimento aos organizadores, empresários e governos, que investem pesado visando o lucro. Vejamos o caso do Rio de Janeiro:

1. O direito de ir e vir da população está comprometido: Proibição de uso de parte das vias expressas e acessos à algumas áreas da cidade, proibição de uso do metrô à população em geral, etc.

2. Demonstração de que Saúde Pública e Segurança podem funcionar: Ora, está provado que os hospitais públicos e a segurança são possíveis de efetividade, bastando querer. Assim, tal fato significa que o Governo literalmente trata os direitos sociais como algo desprezível sempre, mantendo um mínimo para satisfazer interesses de planos de saúde e empresas de segurança.

3. Propaganda factoide de que “tudo está bom e perfeito”: Onde o noticiário de assaltos, balas perdidas, mortes de policiais, tráfico de drogas? A bandidagem entrou de férias? Viajaram? Para onde estão “varrendo” as mazelas da cidade?

4. As praias estão próprias para banho: Onde estão as notícias habituais dos telejornais sobre qualidade da água do mar? Todo dia havia informação sobre vazamentos de esgotos, contaminações e quais praias estariam impróprias para banho. Desse jeito terá muita gente mergulhando no Flamengo, na Urca, Botafogo, Copacabana em meio a coliformes fecais…

5. Esquema de Segurança pronto: Assombra como a mídia recebe verba para mostrar treinamentos operacionais antiterrorismo, mas e o treinamento de evacuação das arenas? Qual o plano de contingência? As áreas de escape são funcionais? As equipes de socorro estão prontas para socorro de multidões? Qual a capacidade real para absorver sinistros de grande envergadura?

Poderia discorrer laudas sobre pontos de risco que em nenhum momento se demonstrou a preparação para minimizá-los.

Mais uma vez ficaremos à mercê da sorte e proteção Divina, na velha máxima “Deus é brasileiro”. Veremos se tal adágio é real, mas no meu caso, ficarei quietinho no meu “canto”, longe das áreas conturbadas, afinal Ele poderá deixar de ser brasileiro e como bom cristão adotarei o “vigiais e orai”, assim explicitado:

“O demônio não renuncia à posse de nossa alma. Se às vezes parece que nos deixa em paz e não nos tenta, é somente para voltar ao assalto no momento em que menos se espera. Nas épocas de calma e de sossego temos que estar convencidos de que ele voltará ao ataque até mesmo com mais intensidade do que antes. É preciso estarmos alerta para não sermos pegos de surpresa. (Antonio Royo Marín, Teología de la Perfección Cristiana, BAC, n. 169).”

Assim, que Deus nos proteja, mas façamos a nossa parte…

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