Estruturação urbana e desaceleração do desenvolvimento regional marcam a discussão do plano diretor em Campo Grande

Proposta prevê a manutenção do potencial construtivo para quase todas as áreas próximas à Campo Grande, com exceção do entorno da Avenida Brasil nos próximos dez anos

A Comissão Especial do Plano Diretor da Câmara do Rio se reuniu, nesta segunda-feira (29), na Região de Planejamento AP 5.2, – Campo Grande, Santíssimo, Senador Vasconcelos, Inhoaíba e Cosmos -, no Centro Cultural Laurindo Rosa, na Rua Mário Mendes, em Senador Vasconcelos, para atualizar o Plano Diretor, lei que norteará o desenvolvimento da cidade nos próximos dez anos.

A comissão confirmou à representantes da sociedade civil local, à Secretaria Municipal de Habitação, à Coordenadoria de Licenciamento e Fiscalização, órgão vinculado à Secretaria Municipal de Ordem Pública, além de entidades como a OAB, AECG-RJ, IAB-RJ, CAU-RJ e Rede Carioca de Agricultura, presentes ao evento, que a ideia é não incentivar o adensamento na Zona Oeste como um todo, por ser uma área que não tem infraestrutura suficiente para atender a população local e está distante dos principais polos de emprego, que se concentram na região central da cidade. Especulou ainda, que a AP 5.2 possui uma população estimada em mais de 580 mil habitantes e uma densidade populacional de 4.213 hab/Km², sendo o bairro de Campo Grande considerado o mais populoso do Brasil com cerca de 11,2% da população, mais de 60 mil habitantes, vivendo em áreas de favelas.

Representante do coletivo Nosso Bosque, Thiago Neves, teme que, mesmo que mínimo, haja adensamento no entorno de Campo Grande, sem que haja o crescimento da infraestrutura. A obra do BRT está sendo feita desde 2015. Primeiro vai crescer a região para depois ter infraestrutura? Tem que ser ao contrário, Campo Grande não aguenta mais”, desabafa.

Parte da imprensa regional opinou que a região, que não é só Campo Grande, tem que continuar crescendo, mas de forma ordenada, o que não ocorreu nos últimos anos e provocou o caos que a região vive hoje. ” A hora é de planejar a aceleração da reestruturacão urbana local sem impedir novos investimentos, a região não pode ser punida duas décadas seguidas”, afirmou.

Na questão mobilidade urbana a comissão pontuou as propostas de melhorias na integração entre os modais de transporte, como as linhas de BRT, de trem e a Avenida Brasil, e lembrou o Anel Viário de Campo Grande, proposta da prefeitura que vai interligar a Estrada da Posse, a Estrada da Caroba e a Av. Cesário de Melo, facilitando o acesso à área central do bairro.

Algumas entidades locais acharam que não seria oportuno construir o Túnel previsto no projeto que vai gastar quase 1 bilhão de reais. Segundo elas, o foco deveria ser o alargamento das principais vias, a criação de novas pistas, entre outras ações estruturantes. O vereador Zico, um dos que lutam pela mobilidade da região, defendeu como uma das alternativas, a construção de vias expressas, tipo linha amarela, interligando os bairros da região, principalmente a Avenida Brasil com Guaratiba..

Foco na agricultura

Apesar do grande crescimento da região nos últimos anos, a Zona Oeste, como um todo, tem uma relação muito forte com a sua vocação agrícola, uma vez que até meados do século XIX era considerada uma área rural. Grupos de pequenos produtores locais defenderam que sejam garantidas as áreas para a manutenção da agricultura.

Mauro Salinas, da Federação das Associações de Moradores do Município do Rio de Janeiro (FAM-Rio) revelou que, no texto do Plano Diretor, as áreas potenciais para agricultura não foram mapeadas e que, nestes espaços, está sendo permitida a expansão da malha urbana.

“Se as diretrizes do Plano Diretor com relação à preservação das áreas com potencial para a agricultura não forem cumpridas, como não estão sendo incluídas no mapa de zoneamento do município, as áreas agrícolas do município desaparecerão”, apontou Mauro.

Morador da região, o vereador Zico (Rep) defendeu o fortalecimento da agricultura local como forma de combater a ocupação ilegal dos lotes.

“A gente tem que voltar com a nossa Zona Rural, porque fortalecendo os agricultores, dando o título de propriedade ao agricultor e condições para ele plantar, evitamos a invasão. Melhor que depois ter que regularizar esses loteamentos irregulares”, afirma Zico.

Para o vereador Rocal (PSD), é importante que os moradores participem das discussões do Plano Diretor, para ajudar a construir o bairro que desejam para a próxima década.

“Não adianta daqui a 10 anos olhar pra trás e falar ‘nada mudou’. Queremos de fato trabalhar em cima desse projeto, para que daqui a 10 anos possamos olhar e pensar ‘que bom que participei dessa discussão e que hoje a gente está vendo Campo Grande muito melhor’”.

Antonia Philippsen Boaventura, sitiante na Serra do Mendanha, mostrou sua preocupação com a lei. ” Se não for bem redigida, vai permitir que as construtoras comprem terras agricultáveis e as transformem em condomínios residenciais”, alertou.

O ativista ambiental Celso Cordeiro Filho aproveitou para mostrar, mais uma vez, sua luta contra a cobrança indevida de taxa de esgoto feita por empresas, segundo ele, protegidas pelos poderes municipal e judiciário.

Essa luta é justa e o ativista age quase que sozinho nessa discussão contra os poderes constituídos. A sociedade local assiste passivamente sem dar o apoio que ele precisa.

Também estiveram presentes os vereadores Rafael Aloisio Freitas (Cidadania), Pedro Duarte (Novo), Alexandre Isquierdo (União, Tarcísio Motta (PSOL), Wellington Dias (PDT), Luiz Ramos Filho (PMN) e William Siri (PSOL)).

 

 

 

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